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Enedina Alves Marques



Imagem de Enedina Marques

Sobre ela

Enedina Alves Marques nasceu em Curitiba-PR, em 13 de janeiro de 1913, filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques. Filha de doméstica, foi criada na casa da família do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, para quem sua mãe trabalhava. Enedina tinha a mesma idade da filha de Domingos e, para que pudessem fazer companhia uma a outra, ele a matriculou nos mesmos colégios da filha. Assim, Enedina Alves foi alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza Dorfmund, entre 1925 e 1926. No ano seguinte, ingressou na Escola Normal, equivalente ao atual ensino médio, e se formou em 1931. Entre 1932 e 1935, passou a trabalhar como professora no interior do estado. Entre 1935 e 1937, voltou a Curitiba para fazer o curso intermediário (equivalente a um supletivo ginasial, exigido para o magistério). Em 1938, fez curso complementar em pré-Engenharia e, em 1940, ingressa na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná (UFPR), graduando-se em Engenharia Civil no ano de 1945.



Primeira mulher a se formar em Engenharia no estado do Paraná.


Carreira como engenheira

Em 1946, Marques deixou de ser professora e doméstica, o que havia feito ao longo de sua formação para se sustentar, para trabalhar como auxiliar de engenharia da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas. No ano seguinte, foi transferida pelo governador do Paraná, Moisés Lupion, para a Secretaria Estadual de Águas e Energia Elétrica, para trabalhar como fiscal de obras públicas. Atuou no sistema hidrelétrico do estado e participou de diversos projetos importantes envolvendo os rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu, incluindo aconstrução da Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza), a maior hidrelétrica subterrânea no sul do Brasil. Ela também contribuiu para a construção dos prédios do campus do Colégio Estadual do Paraná.

Enedina Alves Marques, durante visita á construção da Usina Capivari-Cachoeira Enedina Alves Marques, durante visita á construção da Usina Capivari-Cachoeira

Enedina Alves Marques, durante visita á construção da Usina Capivari-Cachoeira. Imagens : Folha -UOL.



A primeira engenheira negra do Brasil



Outras informações

  • Entre 1932 e 1935, Enedina lecionou em várias escolas públicas no interior do Paraná, entre elas, no grupo escolar São Matheus em 1932, atual colégio São Mateus.
  • Se graduou no curso de Engenharia Civil na Universidade do Paraná, atual Universidade Federal do Paraná, no ano de 1945, aos 32 anos de idade. Disciplinada e inteligente, enfrentou todos os obstáculos que uma sociedade no início do século XX apresentava a uma mulher negra e pobre. Nessa época, era destinado às mulheres, principalmente, o papel de dona de casa. No mercado de trabalho, as opções costumavam se limitar a trabalhar como professora ou a empregos em fábricas, com salários abaixo dos salários masculinos.
  • Enedina era a única mulher de sua turma. Vivia em uma sociedade pós abolição, que não instituiu políticas públicas e nem ofertou oportunidades educacionais e profissionais com expectativas de ascensão social à população negra, escravizada durante séculos. Diante de tudo isso, também enfrentou o preconceito pela sua cor, vivendo numa região do país com população predominantemente branca de descendência europeia.
  • Apesar de ser vaidosa em sua vida pessoal, durante a obra na Usina, ficou conhecida por usar macacão e portar uma arma na cintura, que usava atirando para o alto sempre que julgava necessário se fazer respeitada. Enérgica e rigorosa, impunha-se sempre, pois além de ser mulher era negra, trabalhando em um ambiente majoritariamente ocupado por homens.
  • Já com carreira estruturada, entre os anos 1950 e 1960 Enedina dedicou-se a conhecer o mundo e outras culturas, viajando pelo mundo. Nesse mesmo período, em 1958, o major Domingos Nascimento faleceu, deixando-a como uma de suas beneficiárias no seu testamento.
  • Em vida, conquistou respeito liderando centenas de operários, técnicos e engenheiros. Hoje está imortalizada como a "pioneira da engenharia", ao lado de outras 53 personalidades femininas gravadas no Memorial à Mulher, construído em Curitiba pela comemoração pelos 500 anos do Brasil. Em sua homenagem, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, empenhado em combater a invisibilidade racial que atinge negras e negros em diversos setores, como o ambiente escolar, o mercado de trabalho e as demais esferas sociais.
  • Enedina não se casou e não teve filhos. Ao final de sua vida, morava no Edifício Lido, no Centro de Curitiba, onde foi encontrada morta aos 68 anos, vítima de ataque cardíaco. Por não ter família imediata, seu corpo demorou a ser encontrado. Seu túmulo é um dos principais pontos da visita guiada pela pesquisadora Clarissa Grassi, no cemitério Municipal de Curitiba. Já foram publicadas reportagens, escrito livros e feito trabalhos acadêmicos e documentários a seu respeito.
  • Enedina recebeu, após sua morte, importantes homenagens que lembram seus feitos. Em 1988, uma importante rua no bairro Cajuru em Curitiba, recebe o seu nome: Rua Engenheira Enedina Alves Marques.
  • Em 2006, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá. A casa do major da polícia e delegado Domingos Nascimento, onde Enedina viveu com sua mãe durante sua infância, foi desmontada e transferida para o Juvevê e hoje abriga o Instituto Histórico, Iphan.


Algumas homenagens para Enedina

Google faz homenagem á Enedina Marques

Enedina Alves Marques, primeira mulher negra a se formar em engenharia no Brasil, recebe homenagem do Google Imagem: Google

Placa em homenagem a Enedina

Rodovia leva o nome da Engenheira Enedina, no trecho da PR-340 entre Cacatu e Cachoeira de Cima (Estado do Paraná). Imagem: Senge-PR

Placa em homenagem a Enedina

Casa do Estudante e UFPR homenageiam Enedina Marques (Fotos: Marcos Solivan/Sucom UFPR)

Placa em homenagem a Enedina

Após 73 anos de sua formação em Civil, completados em 2018, a UFPR dedicou uma placa em sua homenagem. Imagem : Crea -PR



Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza)

A Usina Hidrelétrica possui a potência de 260 MW, e está situada no município de Antonina. Seu reservatório está localizado na Rodovia BR-116 (trecho Curitiba – São Paulo), no município de Campina Grande do Sul, a 50 km de Curitiba. A Usina Parigot de Souza entrou em operação em outubro de 1970, tendo sido inaugurada oficialmente em 26 de Janeiro de 1971, quando entrou em operação comercial. Ela é a maior central subterrânea do sul do país. Inicialmente conhecida como Capivari-Cachoeira, a usina recebeu novo nome em homenagem ao Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, que liderou o Paraná entre 1971 e 1973, e foi, também, presidente da Copel. O pioneirismo foi a grande marca desse projeto, em diversos sentidos. Nele, trabalhou a primeira engenheira do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil, Enedina Alves Marques, abrindo caminho para as profissionais que a seguiram.

Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de
                    Souza) Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de
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                    Souza)

Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza)



Referências

  • TREIGHER, Thamiris. Conheça a história de Enedina Marques, a primeira engenheira negra do Brasil. INBEC. ATUALIZADO [26/02/2020] CRIADO [07/08/2018]. Disponível em: inbec.com.br
  • Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em : wikipedia.org
  • COPEL. Disponível em: copel.com
  • Enedina Alves Marques: Google homenageia 1ª engenheira negra do Brasil. UOL. Disponível em: uol.com.br
  • Dia da Consciência Negra é marcado por homenagem a primeira Engenheira negra do Brasil. Disponível em: crea-pr.org.br